Playlist #52 – Gonçalo Duarte Posted in: Playlist
Projectar um corpo
5’39”
2020
Projectar Um Corpo (é): Projectar um corpo, de trabalho; projectar um corpo, uma
qualquer porção limitada de matéria; projectar um corpo, sobre outro; projectar (o)
corpo no trabalho; projectar luz sobre um corpo.
Há opacidade, há cegueira, há vislumbre. Há movimento contínuo e descontínuo. Há
um (sempre) animal aprisionado. Há imagens que nos fogem. Há imagens onde nos
encontramos. Há opostos que não se opõem. Há coisas que têm nome. Há coisas
inomináveis. Há um tudo e há um nada. Há um fim que é também um início.
Projectar Um Corpo parte do projecto de investigação de doutoramento com o
mesmo nome. Ele constrói-se a partir de imagens de trabalhos desenvolvidos nos
últimos 5 anos. Não procura a ordem, nem a desordem. Move-se no campo da
subjectividade, intuição e da sublimação.
Bio
Gonçalo Duarte nasceu em Aveiro, 1978.
Artista, professor e investigador.
Mestre em Práticas Artísticas Contemporâneas pela Faculdade de Belas Artes da
Universidade do Porto (2018), expõe regularmente o seu trabalho desde 2015. Utiliza
a fotografia, o vídeo e o som, desenvolvendo também na sua prática a instalação e a
instalação performativa.
É licenciado em Tecnologia da Comunicação Audiovisual pela Escola Superior de
Música Artes e Espectáculo, Instituto Politécnico do Porto (2015) e detém o curso
Profissional de Fotografia pelo Instituto Profissional de Fotografia do Porto (2009).
Frequenta atualmente o plano doutoral em Arte Contemporânea no Colégio das
Artes, Coimbra.
Desde 2019 é professor convidado no Departamento de Artes da Imagem da Escola
Superior de Media Artes e Design, Instituto Politécnico do Porto.
Q&A
Enquanto artista, que questões te inquietam mais?
Inquieta-me a falta de liberdade para experimentar e errar.
Inquieta-me a necessidade que temos por vezes, de querer perceber tudo.
Inquieta-me a ordem natural das coisas.
Inquieta-me impor limites às coisas, não permitir que elas se misturem umas
com as outras.
Inquietam-me as coisas transparentes, que mostram mais do que aquilo que
escondem.
Inquietam-me as coisas com princípio meio e fim.
Onde está o futuro da Arte?
Bom, aquilo que me apetece responder é que o futuro da arte está em repetir
incessantemente a pergunta “Onde está o Futuro da arte?”.
O futuro da arte está na incerteza mais do que na estabilidade. Está na
procura em ser outra coisa amanhã, diferente daquilo que ela é hoje.
Obviamente que o futuro está também em olhar para trás, mas com outros olhos.
Qual foi a tua primeira experiência com o mundo da arte?
Tenho alguma dificuldade em definir um momento exacto…
Frequentei um atelier de teatro ainda muito novo, com 6 ou 7 anos. Lembro-me
de pouco, mas acho que isso me marcou. Era uma coisa experimental, sem um
sentido aparente, vestíamos roupa estranha e fazíamos coisas. Agora que penso
nisso há qualquer coisa no meu trabalho que remete para essa experiência.
Mais tarde passei novamente de forma breve pelo teatro, experimentei a música
e estudei arquitectura…
Acho que me comecei a descobrir como artista há 20 anos pela fotografia, com
um laboratório improvisado na cozinha, a fazer aparecer imagens de coisas que
não estavam lá.
EN
Projectar um corpo
5’39”
2020
Projectar um corpo (projecting a body) (is): Projecting a body, of work; projecting a
body, any limited portion of matter; projecting one body over another; project (the)
body at work; project light onto a body.
There is opacity, there is blindness, there is a glimpse. There is continuous and
discontinuous movement. There is an (always) trapped animal. There are images that
escape us. There are images where we find ourselves. There are opposites that are not
opposed. There are things that have a name. There are un-namable things. There is
everything and there is nothing. There is an end that is also a beginning.
Projectar Um Corpo is part of the doctoral research project with the same name. It is
built from images of works developed in the last 5 years. He does not seek order or
disorder. It moves in the field of subjectivity, intuition and sublimation.
BIO
Gonçalo Duarte (born in Aveiro in 1978) is an artist, professor and researcher.
He is an MFA graduate in Contemporary Artistic Practices from the School of Fine
Arts, Porto University (2018), and regularly exhibits his work since 2015. In his
practice, he uses photography, video and sound, as well as installation and
performative installation projects.
He has a degree in Audiovisual Communication Technology from the Escola Superior
de Música Artes e Espectáculo, Polytechnic Institute of Porto (2015) and holds the
Professional Photography course from the Professional Photography Institute of
Porto (2009).
Gonçalo is currently attending the doctoral program in Contemporary Art at Colégio
das Artes, Coimbra. Since 2019 he has been a visiting professor at the Department of Image Arts at the
Superior School of Media Arts and Design, Polytechnic Institute of Porto.
Q&A
As an artist, what issues are you most worried about?
I am concerned about the lack of freedom to experiment and make mistakes.
I worry about the need we sometimes have to want to understand everything.
The natural order of things worries me.
I worry about imposing limits on things, not allowing them to mix with each
other.
I am concerned about transparent things, which show more than what they hide.
The beginning-middle-end things worry me.
Where is the future of Art?
Well, what I feel like answering is that the future of art is to repeat the
question “Where is the future of art?”.
The future of art lies in uncertainty rather than stability. It is about
looking to be something else tomorrow, different from what it is today.
Obviously, the future is also about looking back, but with different eyes.
What was your first experience with the art world?
I have some difficulty in defining an exact moment …
I attended a theater class at a very young age, 6 or 7 years old. I remember
little, but I think it marked me. It was an experimental thing, with no
apparent meaning, we wore strange clothes and did things. Now that I think
about it, there is something in my work that refers to that experience.
Later I briefly went through the theater again, tried out music and studied
architecture…
I think I started to discover myself as an artist 20 years ago through
photography, with an improvised laboratory in the kitchen, summoning images of
things that were not there.