PLAYLIST #36 – Vera Mota Posted in: Playlist

De 4 a 28 de Julho

Un-experience
2017
vídeo, cor, s/som
9’05”

‘Un-experience’ revela-nos uma coreografia cuidada e meticulosa, executada por um conjunto de actores em torno de um foco de atenção que se desconhece. as figuras distribuídas em círculo debruçam-se sobre algo fortemente iluminado, manipulando diversos instrumentos.

Apesar do rigor que o vestuário e instrumentos apresentam, a veracidade daquilo a que se assiste continua capaz de suscitar dúvidas. não há nada que nos prove realmente que existe alguém a receber cuidados, nada que prove não se tratar de uma ficção, de uma encenação.

A intervenção cirúrgica a que se assiste é real, isto é, aconteceu. o corpo da artista é o suporte mais uma vez. ainda que tudo escape ao seu controlo. os gestos que se acumulam sob o foco de luz, não marcam senão o seu corpo, enquanto dormente.

A ideia de que estamos constantemente sujeitos a uma experiência mediada do mundo é aqui representada de forma simbólica através de uma situação limite, uma intervenção cirúrgica na qual a Vera Mota é sujeita a uma anestesia geral. este estado de dormência, tal como aquele em parecemos viver, engolidos por simulacros e simuladores, não deixa mais do que uma nebulosa na nossa memória. esta violenta interrupção da consciência surge como uma vertigem para o corpo.

bio

Vera Mota (Porto, 1982), é uma artista cuja prática se revela na performance, na escultura e no desenho. identificada com princípios minimalistas, a sua obra é percorrida por traços comuns que apontam para um conflito entre uma vontade de ordenar e um fascínio pelo erro e pelo acidente.

Privilegiando uma economia da presença, do esforço e da ação, mota procura, por meio da composição, criar novos espaços para os objetos. a artista, através de ações simples, destaca as qualidades físicas dos materiais por si escolhidos de forma criteriosa pela sua especificidade e cujas características se revelam determinantes na produção da obra. questionando frequentemente as condições-conflito que regem as relações de verticalidade e horizontalidade, o seu trabalho é sempre atravessado por uma dimensão performativa, ainda que por vezes implícita, não literal, seja pela forma como se adivinha a produção de determinado objecto seja pela sugestão de uma possível utilidade.

EN

Videoart screenings every thursday, fridays and saturday, from 10pm

Un-experience
2017
vídeo, cor, s/som
9’05”

‘un-experience’ reveals a careful and meticulous choreography performed by a group of actors around a focus of attention that is unknown. the figures, arranged as a semi-circle, lean over something strongly illuminated, manipulating various instruments.

Despite the rigor that the clothing and instruments present, the truthfulness of what is being seen continues to be subjected to doubt. there is nothing that really proves that there is someone receiving care, nothing that proves it not to be a fiction, a staging.

The surgical intervention that is seen is indeed real, it happened. the body of the artist is once again a support. even if everything goes beyond her control. the gestures that accumulate under the focus of light, mark only her body, while dormant.

The idea that we are constantly subjected to a mediated experience of the world is symbolically represented here through a limiting situation, a surgical intervention in which vera mota is subjected to general anesthesia. this state of dormancy, like that in which we seem to live, engulfed by simulacra and simulators, leaves nothing more than a nebula in our memory. this violent interruption of consciousness comes as a vertigo to the body.

bio

Vera Mota (Porto, 1982), is an artist whose practice is revealed in performance, sculpture and drawing. identified with minimalist principles, her work is traversed by common traits that point to a conflict between a will to order and a fascination with error and accident.

Privileging an economy of presence, effort and action, mota seeks, through composition, to create new spaces for objects. the artist, through simple actions, highlights the physical qualities of the materials chosen by her in a judicious way for their specificity and whose characteristics are decisive in the production of the work. frequently questioning the conflict conditions that govern the relations of verticality and horizontality, her work is always traversed by a performative dimension, although sometimes implicit, not literal, either by the way in which the production of a certain object is guessed or by the suggestion of a possible utility.

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