Playlist #23 – Miguel Leal Posted in: Eventos, Playlist

PLAYLIST #23 – MIGUEL LEAL

TODAS AS QUINTAS, SEXTAS E SÁBADOS DE JUNHO – 22H00

PLAYGROUND (ESPERA)
2018
(2 SEQUÊNCIAS VÍDEO), VÍDEO HD, 16:9, DURAÇÃO VARIÁVEL

PLAYGROUND

SEMPRE QUE SOU CONVIDADO PARA APRESENTAR TRABALHO VÍDEO, FICO A PENSAR QUE NÃO TENHO NADA QUE POSSA SER MOSTRADO ASSIM, FORA DE UM CONTEXTO MAIS ALARGADO EM QUE OS VÍDEOS SE RELACIONAM SEMPRE, OU QUASE SEMPRE, COM OUTRAS COISAS, OBJECTOS, SONS, TEXTOS OU IMAGENS.

HÁ ALGUM TEMPO ATRÁS, PARA UMA APRESENTAÇÃO DO GÉNERO, PUS-ME A OLHAR PARA TUDO O QUE FUI FAZENDO AO LONGO DOS ANOS E PERCEBI VÁRIAS COISAS. EM PRIMEIRO LUGAR, ACHO QUE NUNCA FIZ UM FILME. PENSANDO MELHOR, ACHO QUE NUNCA FIZ SEQUER UM VÍDEO. TRABALHEI MUITAS VEZES COM VÍDEO OU COM IMAGENS SEQUENCIADAS, MAS NA VERDADE ESTAVA SEMPRE A FAZER OUTRAS COISAS OU A PENSAR NOUTRAS COISAS QUANDO TRABALHAVA COM A CÂMARA E, SOBRETUDO DEPOIS, QUANDO ME TINHA DE SENTAR EM FRENTE A UM MONITOR PARA EDITAR. SEMPRE ACHEI O TRABALHO DE EDIÇÃO, ANTES OU DEPOIS DOS COMPUTADORES, UMA COISA ABORRECIDA. GOSTO MUITO DE MONTAGEM, MAS OS MEUS VÍDEOS RARAMENTE PRECISAM DISSO. PARA MIM, OS VÍDEOS ESTAVAM A SER FEITOS NO MOMENTO EM QUE PEGAVA NA CÂMARA. QUASE SEMPRE ME INTERESSARAM MAIS AS CONDIÇÕES SUBJECTIVAS, QUE SÃO TAMBÉM MATERIAIS E FÍSICAS, DO TRABALHO COM A CÂMARA DO QUE AQUILO QUE VINHA DEPOIS. O MOVIMENTO ILUSÓRIO DAS IMAGENS É SEMPRE FASCINANTE, MESMO QUANDO NADA PARECE ACONTECER EM FRENTE À CÂMARA, MAS COM FREQUÊNCIA DAVA COMIGO A RODAR A CÂMARA, TALVEZ PARA CONTRARIAR O ENQUADRAMENTO, PARA ESCAPAR A UM ACONTECIMENTO OU SIMPLESMENTE PARA VENCER O TÉDIO DE UMA ESPERA. AINDA ASSIM, MUITAS VEZES ACABEI POR PROCURAR UM MOVIMENTO CONSTRUÍDO NÃO PELA CÂMARA OU PELO MEU CORPO MAS PELAS COISAS, QUASE SEMPRE OBJECTOS, QUE IA FILMANDO. O MOTOR DA CÂMARA VIA-SE SUBSTITUÍDO POR OUTROS MOTORES, POR OUTROS CORPOS.
PARA A PLAYLIST DO CANDELABRO FIZ DUAS NOVAS EXPERIÊNCIAS EM VÍDEO, MUITO SIMPLES, E QUE SE LIGAM À IDEIA DE ESPERA OU AOS TEMPOS DESSA ESPERA E A QUE CHAMEI PLAYGROUND (ESPERA). NUM CASO, AS BOLAS FLUTUANTES RESISTEM À ÁGUA E PARECEM QUERER MANTER-SE À FORÇA DENTRO DO PLANO DA IMAGEM, MESMO QUANDO A
CÂMARA LHES TENTA ESCAPAR, COM UM CERTO DIVERTIMENTO. NO OUTRO, É MAIS A CÂMARA QUE ESPERA PACIENTEMENTE POR QUALQUER COISA QUE SE MOVA E ATRAVESSE A IMAGEM. ENQUANTO FILMAVA, DISTRAIDAMENTE, PENSAVA SEMPRE NÃO NO EFEITO CINEMÁTICO DAS IMAGENS CAPTADAS PELA CÂMARA MAS ANTES NO GESTO DEMORADO E UM POUCO ENCANTATÓRIO DA MINHA CONDIÇÃO, SENTADO PRIMEIRO NA MARGEM DE UM RIO E DEPOIS EM PÉ SOBRE UMA PONTE, HORAS A FIO À MARGEM DE UM FLUXO QUE NÃO TINHA COMO CONTROLAR MAS APENAS QUE ESPERAR QUE ACONTECESSE: POR ÚLTIMO, IMAGINAVA TAMBÉM QUE AQUELAS IMAGENS, DEPOIS DE EMUDECIDAS, IRIAM TER DIREITO A UMA BANDA SONORA, MAIS OU MENOS ALEATÓRIA, DURANTE ESTA OUTRA VIDA QUE LHES FOI OFERECIDA PELO NUNO RAMALHO E, ISSO, DEIXAVA-ME A SORRIR.

BIO
MIGUEL LEAL (PORTO, 1967).
DAS SUAS ÚLTIMAS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS DESTACAM-SE DUPLO NEGATIVO/DOUBLE NEGATIVE, CIAJG, GUIMARÃES (2018); MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA (FIGURAS), ESPAÇO MIRA, CAMPANHÃ, PORTO (2014); VERKLÄRTE NACHT, CICLO SANTA CRUZ, CAPC, COIMBRA (2014); CRIPTA, LABORATÓRIO DAS ARTES, GUIMARÃES (2011); OU AQUI FORA, UMA CERTA FALTA DE COERÊNCIA, PORTO (2010). ASSINALA-SE TAMBÉM A SUA PARTICIPAÇÃO EM VÁRIAS EXPOSIÇÕES COMO EXPOSIÇÃO ÍNDICE, ARQUIPÉLAGO – CENTRO DE ARTES CONTEMPOR NEAS, S. MIGUEL, AÇORES; A ARTE COMO EXPERIÊNCIA DO REAL – COLEÇÃO DE IVO MARTINS EM DEPÓSITO NO MUSEU DE SERRALVES, CIAJG, GUIMARÃES; A GLIMMER OF FREEDOM – APEX CAPE VERT, CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO TARRAFAL, CABO VERDE (2017); IDENTIDADES/VARIÁVEIS CONVERGENTES, CASA MUSEU ABEL SALAZAR, MATOSINHOS; UM, GALERIA PAINEL, PORTO; MODERNO & MEDIEVAL CAMUFLADO, MUSEU GRÃO VASCO, VISEU; PODE O MUSEU SER UM JARDIM?, MUSEU DE ARTE CONTEMPOR NEA DE SERRALVES, PORTO; HOMELESS MONALISA, COLÉGIO DAS ARTES, COIMBRA; LUGARES DE VIAGEM – BIENAL DA MAIA 2015, MAIA; TERRITÓRIO DE TRABALHO: LABORATÓRIO DAS ARTES 10 ANOS, CCVF, GUIMARÃES (2015); SEM QUARTEL, SISMÓGRAFO, PORTO; APESAR DE TUDO AINDA SE FODIA, MAUS HÁBITOS, PORTO; A RIQUEZA MÚLTIPLA E MULTIPLICADORA DA AMBIGUIDADE, ESPAÇO MIRA, PORTO (2014); 55 ANOS CAPC‹ FRAGMENTOS DE UMA COLECÇÃO, SALA DO SENADO, UNIVERSIDADE DE COIMBRA; A VANGUARDA ESTÁ EM TI | 55 ANOS CAPC | FRAGMENTOS DE UMA COLECÇÃO, CENTRO CULTURAL DE ÍLHAVO; OBRAS DA COLEÇÃO DE ARTE CONTEMPOR NEA DA PORTUGAL TELECOM, CACGM, BRAGANÇA; CINEMAS 2 > DRIVE IN, GAREPORTO, PORTO (2013).
MIGUEL LEAL ESTUDOU ARTES PLÁSTICAS – PINTURA NA ESBAP, HISTÓRIA DA ARTE NA FACULDADE DE LETRAS DA UP E COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NA FCSH DA UNL.
www.ml.virose.pt

ENG

EVERY THURSDAY, FRIDAY AND SATURDAY OF JUNE – 10PM

PLAYGROUND (ESPERA)
2018
(2 VIDEO SEQUENCES), VÍDEO HD, 16:9, VARIABLE DURATION

PLAYGROUND

WHENEVER I AM INVITED TO PRESENT VIDEO WORK, I THINK THAT I HAVE NOTHING THAT CAN BE SHOWN LIKE THIS, OUTSIDE OF A WIDER CONTEXT IN WHICH THE VIDEOS ALWAYS RELATE, OR ALMOST ALWAYS, WITH OTHER THINGS, OBJECTS, SOUNDS, TEXTS OR IMAGES.
SOME TIME AGO, FOR A SIMILAR PRESENTATION, I LOOKED AT EVERYTHING I’VE BEEN DOING OVER THE YEARS AND REALIZED SEVERAL THINGS. FIRST OF ALL, I DO NOT THINK I’VE EVER MADE A MOVIE. ON SECOND THOUGHT, I THINK I’VE NEVER EVEN MADE A VIDEO. I WORKED OFTEN WITH VIDEO OR SEQUENCED IMAGES, BUT I WAS ALWAYS DOING OTHER THINGS OR THINKING ABOUT OTHER THINGS WHEN I WAS WORKING WITH THE CAMERA, AND ESPECIALLY WHEN I HAD TO SIT IN FRONT OF A MONITOR TO EDIT. I ALWAYS FOUND THE EDITING WORK, BEFORE OR AFTER THE COMPUTERS, SOMETHING BORING. I LOVE EDITING, BUT MY VIDEOS RARELY NEED IT. FOR ME, THE VIDEOS WERE BEING MADE THE MOMENT I GOT THE CAMERA. ALMOST ALWAYS I WAS MORE INTERESTED IN THE SUBJECTIVE CONDITIONS, WHICH ARE ALSO MATERIAL AND PHYSICAL, OF WORKING WITH THE CAMERA, THAN ON THAT WHICH CAME LATER. THE ILLUSORY MOTION OF THE IMAGES IS ALWAYS FASCINATING, EVEN WHEN NOTHING SEEMS TO HAPPEN IN FRONT OF THE CAMERA, BUT OFTEN I FOUND MYSELF TURNING THE CAMERA, PERHAPS TO COUNTERACT THE FRAME, TO ESCAPE AN EVENT OR SIMPLY TO OVERCOME THE TEDIUM OF A WAIT. STILL, I OFTEN LOOKED FOR A MOVEMENT BUILT NOT BY THE CAMERA OR MY BODY BUT BY THE THINGS, ALMOST ALWAYS OBJECTS, THAT I WAS FILMING. THE ENGINE OF THE CAMERA WAS REPLACED BY OTHER ENGINES, BY OTHER BODIES.
FOR THE CANDELABRO PLAYLIST I MADE TWO NEW EXPERIENCES IN VIDEO, VERY SIMPLE, WHICH RELATE TO THE IDEA OF ​​WAITING, OR THE TIMES OF THAT WAIT, THAT I’VE CALLED PLAYGROUND (WAIT). IN ONE CASE, FLOATING BALLS RESIST WATER AND SEEM TO WANT TO REMAIN FORCEFULLY WITHIN THE FRAMING OF THE IMAGE, EVEN WHEN THE CAMERA TRIES TO ESCAPE THEM WITH A CERTAIN AMOUNT OF AMUSEMENT. IN THE OTHER, IT IS MORE THE CAMERA THAT WAITS PATIENTLY FOR ANYTHING THAT MOVES AND CROSSES THE IMAGE. WHILE FILMING, ABSENTMINDEDLY, I ALWAYS THOUGHT NOT OF THE KINEMATIC EFFECT OF THE IMAGES CAPTURED BY THE CAMERA BUT RATHER OF THE TIME-CONSUMING AND RATHER ENCHANTING GESTURE OF MY CONDITION, SITTING FIRST ON THE BANK OF A RIVER AND THEN STANDING ON A BRIDGE FOR HOURS ON THE EDGE OF A STREAM THAT I COULD NOT CONTROL AND COULD ONLY AWAIT FOR IT TO HAPPEN: FINALLY, I ALSO IMAGINED THAT THOSE IMAGES, AFTER BEING MUTED, WOULD BE ENTITLED TO A SOUNDTRACK, MORE OR LESS RANDOM, DURING THIS OTHER LIFE THAT WAS OFFERED BY NUNO RAMALHO, AND THAT, MADE ME SMILE.

BIO
MIGUEL LEAL (PORTO,1967).
HIS LATEST SOLO EXHIBITIONS INCLUDE DUPLO NEGATIVO/DOUBLE NEGATIVE, CIAJG, GUIMARÃES (2018); MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA (FIGURAS), ESPAÇO MIRA, CAMPANHÃ, PORTO (2014); VERKLÄRTE NACHT, CICLO SANTA CRUZ, CAPC, COIMBRA (2014); CRIPTA, LABORATÓRIO DAS ARTES, GUIMARÃES (2011); OR AQUI FORA, UMA CERTA FALTA DE COERÊNCIA, PORTO (2010). HE HAS ALSO PARTICIPATED IN SEVERAL GROUP EXHINTIONS SUCH AS EXPOSIÇÃO ÍNDICE, ARQUIPÉLAGO – CENTRO DE ARTES CONTEMPOR NEAS, S. MIGUEL, AÇORES; A ARTE COMO EXPERIÊNCIA DO REAL – COLEÇÃO DE IVO MARTINS EM DEPÓSITO NO MUSEU DE SERRALVES, CIAJG, GUIMARÃES; A GLIMMER OF FREEDOM – APEX CAPE VERT, CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO TARRAFAL, CABO VERDE (2017); IDENTIDADES/VARIÁVEIS CONVERGENTES, CASA MUSEU ABEL SALAZAR, MATOSINHOS; UM, GALERIA PAINEL, PORTO; MODERNO & MEDIEVAL CAMUFLADO, MUSEU GRÃO VASCO, VISEU; PODE O MUSEU SER UM JARDIM?, MUSEU DE ARTE CONTEMPOR NEA DE SERRALVES, PORTO; HOMELESS MONALISA, COLÉGIO DAS ARTES, COIMBRA; LUGARES DE VIAGEM – BIENAL DA MAIA 2015, MAIA; TERRITÓRIO DE TRABALHO: LABORATÓRIO DAS ARTES 10 ANOS, CCVF, GUIMARÃES (2015); SEM QUARTEL, SISMÓGRAFO, PORTO; APESAR DE TUDO AINDA SE FODIA, MAUS HÁBITOS, PORTO; A RIQUEZA MÚLTIPLA E MULTIPLICADORA DA AMBIGUIDADE, ESPAÇO MIRA, PORTO (2014); 55 ANOS CAPC ‹ FRAGMENTOS DE UMA COLECÇÃO, SALA DO SENADO, UNIVERSIDADE DE COIMBRA; A VANGUARDA ESTÁ EM TI | 55 ANOS CAPC | FRAGMENTOS DE UMA COLECÇÃO, CENTRO CULTURAL DE ÍLHAVO; OBRAS DA COLEÇÃO DE ARTE CONTEMPOR NEA DA PORTUGAL TELECOM, CACGM, BRAGANÇA; CINEMAS 2 > DRIVE IN, GAREPORTO, PORTO (2013)
MIGUEL LEAL STUDIED FINE ARTS – PAINTING AT ESBAP, ART HISTORY AT FACULDADE DE LETRAS OF THE UP AND COMMUNICATION AND LANGUAGE AT FCSH OF THE UNL.
www.ml.virose.pt

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