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Playlist #56 – João Bonito

Setembro 9, 2021 @ 6:00 pm - Outubro 2, 2021 @ 1:00 am

O projeccionista m.e.d.e.i.a e o rearranjo de partes selecionadas do filme original Città Murato (Documentaires E.N.I.T. – l’Office National Italian de Tourism, Production Incom)
Formato digital de filme 35mm, 11’, 2011

Corta, espreita, corta, escolhe. Corta, espreita, corta, escolhe. Repara no pormenor, Vitor, separa, coloca, corta, espreita…, corta e fecha. E agora senhores espectadores, fazem favor de se sentarem, e de sonharem. Foi assim, durante anos, este homem invisível, e seus parceiros no crime, garantiam, com sua maquinaria óptica deslizante e cortante que muitos portuenses tivessem mais uma noite deslumbrante. No escur(inho) do cinema muitos foram os que se maravilharam, se riram e se espantaram com as histórias projectadas por estes artífices, que através da sua Medeia mostravam astronautas, policias e argonautas, princesas e novas surpresas. Conta-se que o filho de Medeia era o medo, mas no Cidade do Porto ao suspense acrescentava-se a poesia, aos mais belos argumentos e interpretações aliava-se a filosofia. Num espaço onde o cinema não era a única arte – quem se recorda de obras de Pedro Proença na sala, ou das esculturas à entrada? –, os portuenses tinham acesso, juntamente com Paris (segundo a imprensa especializada internacional), à divulgação do melhor cinema mundial. E se França teve os irmãos Lumière, honra seja feita a quem sempre no Cidade do Porto nos iluminou – o eclético António Costa –, que no final se juntou ao artista plástico João Bonito para deixar uma breve homenagem aquelas salas de cinema. E nada melhor que um giro na Bela Itália. A máquina que faz sonhar está preparada: Rómulo e Remo recebem Cleópatra em Roma, onde o rato não rói a rolha do rei porque aparecem gatos iluminados pelo sol deste belo país do sul. E aquele senhor que lança petiscos aos gatos acaba de acertar nas meninas que passeiam na Via Veneto, viram? Só aqui, no Cidade do Porto, onde a máquina de projeções é agora a caixa das mais belas recordações…

Frederico Almeida Garrett

BIO

João Bonito(1971), artista plástico multi-disciplinar, iniciou a sua actividade nos departamentos de produção e montagem de exposições do Museu de Serralves e da iniciativa Porto 2001 – capital europeia da cultura, onde apresentou a obra master installation no espaço multidisciplinar Artemosferas. Nesse ano começa a colaboração como assistente do artista plástico Julião Sarmento. Das várias iniciativas e colaborações que se seguiram, destacam-se o Salão Olímpico, no Porto, – no projecto Quartel, comissariado por Óscar Faria – com a obra ‘Capitalism’, e o projecto “Ariete” do artista Miguel Palma, sendo da sua autoria os registos fotográficos e de vídeo.

Co-fundador da galeria Division Zero(2016-2018). A residir actualmente no Porto, recebe e promove a partir do seu próprio atelier, jovens artistas nacionais e internacionais, permitindo-lhes usufruir da plataforma de intercâmbios em que a cidade invicta se tornou.

Q&A

A arte deve ser bela?

Não tenho essa percepção do belo, mas há quem só tenha. Respeito.

A minha memória, experiência e auto-conhecimento diz-me que a arte deve ser verdadeira.

(quanto mais experimentamos, mais verdadeiros nos tornamos.)

O que é que, se pudesses, mudavas no mundo da arte?

Perguntas sobre o sistema da arte contemporânea ?

Não quero responder, não julgo.

Que questões ou assuntos te inquietam mais?

A perda de confiança, a incerteza e o não sonhar.

En

Playlist is a video art program presented at candelabro, with screenings every thursday, friday and saturday, starting at 6:00pm. Each month, a different artist is invited to present their work.

O projeccionista m.e.d.e.i.a e o rearranjo de partes selecionadas do filme original città murato (documentaires e.n.i.t. – l’office national italian de tourism, production incom)

2011

Digital transcript of 35mm film

11’

Cut, have a look, cut, choose. Cut, have a look, cut, choose. Look at the detail, Vitor, set aside, stick it, cut, have a look…, cut and shut it. And now gentlemen spectators, please sit down and dream. It was like that, for years, this invisible man, and his partners in crime, guaranteed, with their sliding and cutting optical machinery, that many people from Porto had yet another dazzling night. In the dark of the cinema many were those who marveled, laughed and were amazed at the stories projected by these craftsmen, who through their Medea showed astronauts, policemen and argonauts, princesses and new surprises. It is said that Medeia’s son was fear, but at Cidade do Porto, poetry was added to suspense, philosophy was allied to the most beautiful scripts and interpretations. In a place where cinema was not the only art – who remembers Pedro Proença’s works in the room, or the sculptures at the entrance? –, the people of Porto had access, together with Paris (according to the specialized international press), to the dissemination of the best cinema in the world. And if France had the Lumière brothers, honor be done to one of those who always enlightened us at the Cidade do Porto movie theater – the eclectic António Costa – who in the end joined the artist João Bonito to leave a brief tribute to those cinema rooms.

And there is no better way to do it than a tour of beautiful Italy. The machine that makes you dream is ready: Rómulo and Remus receive Cleopatra in Rome, where the mouse doesn’t chew the king’s cork* because cats appear lit by the sun on that beautiful southern country. And that gentleman who throws treats to cats has just hit the girls walking along Via Veneto, see? Only here, at Cidade do Porto, where the projector machine is now the box of the most beautiful memories…

Frederico Almeida Garrett

*(word play on a portuguese tongue twister)

Bio

João Bonito (1971), a multi-disciplinary artist, began his activity in the exhibition production and setting departments of the Serralves Museum, in Porto, and also in the Porto 2001 – european capital of culture initiative, during which he presented his work ‘master installation’ at the multidisciplinary space Artemosferas.

That same year he began his collaboration as an assistant to the artist Julião Sarmento. Of the various initiatives and collaborations that followed, highlights include ‘Capitalism’, a work developed for the Quartel project, curated by Óscar Faria, and presented at Salão Olímpico, in Porto; and the photographic and video documentation of project “Ariete”, by fellow artist Miguel Palma.

Co-founder of Division Zero gallery (2016-2018), João is currently residing in Porto, where he receives and mentors, in his own studio, young national and international artists, helping them navigate the exchange platform that the ‘undefeated city’, as Porto is historically known, has become.

Q&a

Should art be beautiful?

My memory, experience and self-knowledge tell me that art must be true.

(the more we experiment, the truer we become.)

If you could, what would you change in the art world?

Is the question about the contemporary art system?

I don’t want to answer that, I don’t judge.

What issues or matters concern you the most?

 

Details

Start:
Setembro 9, 2021 @ 6:00 pm
End:
Outubro 2, 2021 @ 1:00 am
Event Category:
https://www.cafecandelabro.com/playlist-56-joao-bonito/

Organizer

Café Candelabro
Email:
cafecandelabro@gmail.com
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Venue

Candelabro
Rua da Conceição 3
Porto, 4150-150 Portugal
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